Foto: Fábio Costa/Prefeitura Rio
Três mulheres em situação de vulnerabilidade social tornaram-se funcionárias do programa Prato Feito Carioca
A Cozinha Comunitária localizada no bairro de Acari, foi além da distribuição de refeições e passa a ser a primeira a gerar uma fonte de renda para as pessoas em situação de vulnerabilidade que vivem nessa comunidade. Agora, além de entregar quentinhas diariamente, também está contribuindo para que as filas do desemprego diminuam. Inaugurada há quatro meses, a Cozinha de Acari agora tem três funcionárias que, antes, eram usuárias do serviço de refeições. Elas trabalham no preparo dos alimentos.
– Essas mulheres guerreiras tiveram suas vidas transformadas a partir do Prato Feito Carioca. Além de disponibilizar refeições, o programa está gerando renda para a comunidade onde a Cozinha Comunitária está inserida, que era uma das nossas metas – destaca Maria Domingas Pucú, secretária de Assistência Social da Prefeitura do Rio
Ana Maria Cordeiro, 54 anos, foi uma delas. O que ela não imaginava era que ali estaria a sua oportunidade para sair da fila do desemprego. A paraibana ficou desempregada e passou a sobreviver fazendo bolos e doces em casa para vender. Há quatro meses, passou a ter uma das refeições garantida com a quentinha distribuída na Cozinha Comunitária.
– Eu estava desempregada e tinha muita dificuldade para me alimentar, cheguei a economizar comida para ter o que comer no dia seguinte. Estou muito feliz por trabalhar aqui na Cozinha. Agora, com o suor do meu rosto, posso ajudar com as despesas da minha casa. Trabalhar é tudo para mim, eu voltei a ter esperança e o sonho de ter o meu próprio negócio – relata Ana Maria.
A Cozinha Comunitária de Acari também está alimentando o sonho de Edineis Cassimiro da Silva, que voltou a ter dignidade ao ser contratada como cozinheira. Com 37 anos e dois filhos, após a separação de um relacionamento de 25 anos, se viu sozinha para sustentar a família. Passou a depender do auxílio da família e a buscar quentinha na Cozinha. Apesar dos desafios, ela acabou encontrando essa oportunidade:
– Nós, mulheres negras, conseguimos tirar força de onde nem imaginamos. Nunca desisti de correr atrás de um trabalho porque uma hora chega. Hoje sou cozinheira e com esse trabalho na Cozinha, tenho um salário, posso criar os meus filhos com mais dignidade. Essa refeição que hoje estou preparando é muito importante para muitas pessoas e, às vezes, é a única naquele dia. Estou muito feliz e grata a todos que fazem parte deste programa – declara Edineis.
A solidão levou Nilda Vale Pereira, 70 anos, moradora na comunidade de Acari, a frequentar todos os dias a Cozinha Comunitária, tanto para pegar sua refeição, como para enturmar-se com o pessoal de lá. “Trabalhei em muitos lugares, mas agora aposentada, viúva, com filha e neto criados, e precisei buscar um novo sentido para a minha vida”, diz ela.
– Eu era muito triste, não tinha o que fazer mais em casa e ficava sozinha. Agora, como assistente de cozinha, além de ajudar outras pessoas, ganhei uma família. Trabalhar é muito bom porque distrai e ocupa a nossa mente, desabafa Neide.
As Cozinhas Comunitárias Cariocas estão localizadas em pontos estratégicos, preparam e fornecem, diariamente, refeições balanceadas e seguras para famílias em situação de extrema pobreza. Em apenas quatro meses, o programa Prato Feito Carioca disponibilizou 846.100 refeições em vários pontos da cidade. Apenas nas 15 Cozinhas Comunitárias Cariocas já foram servidas até 16 de dezembro mais de 412.132 refeições. Já o cartão Prato Feito Carioca distribuiu 433.968 refeições.
Neste ano, foram inauguradas 15 Cozinhas Comunitárias Cariocas, que funcionam desde junho em Acari, Mangueira, Andaraí, Realengo, Anchieta, Tanque, Campo Grande, Vila Kennedy, Guaratiba, Costa Barros, Bento Ribeiro, Bangu, Nova Sepetiba, Acari, Catumbi, além da que beneficiou as comunidades Beira Rio, Sinal Verde e Terreirão, no Recreio, Zona Oeste do Rio. Cada Cozinha Comunitária oferece 5.600 refeições por mês.
Previstas pelo Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan), criado em 2006, as cozinhas comunitárias nunca tinham sido implementadas de forma sistemática em nenhuma cidade brasileira. Cada cozinha recebe apoio operacional e técnico para oferecer refeições nutritivas e balanceadas, respeitando as normas de manipulação de alimentos do Instituto Municipal de Vigilância Sanitária. A SMAS é responsável pelo fornecimento de equipamentos e alimentos.
Com a proposta de garantir alimentação de qualidade para a população que se encontra em situação de insegurança alimentar, em algum grau – leve, moderado ou grave (fome), a Prefeitura do Rio, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, criou o Prato Feito Carioca, programa global de política pública inovadora no país de combate à fome. O programa conta com dois eixos de atuação, o cartão magnético Prato Feito Carioca e as Cozinhas Comunitárias.
Texto: Ascom SMAS
