Treinamento da SMAS, em parceria com a Polícia Federal, aconteceu nesta quarta (21), na Uerj.
A Secretaria Municipal de Assistência Social (SMAS) promoveu, nesta quarta-feira (dia 21), uma capacitação de prevenção a crimes cibernéticos contra crianças e adolescentes na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). O treinamento foi feito em parceria com a Polícia Federal (PF), com base no programa Guardiões da Infância.
A capacitação reuniu 150 profissionais que atuam em unidades dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), dos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), das Unidades de Reinserção Social (URS) e dos conselhos tutelares.
O delegado federal Pedro Paulo Simão da Rocha e a agente federal Raquel Coelho de Souza apresentaram dados e deram orientações sobre como crianças e adolescentes são abordados na internet, qual o perfil mais buscado pelos autores de crimes e como conduzir – de forma adequada – a escuta das vítimas, sem submetê-las de modo recorrente ao sofrimento dos relatos.
“O ideal é que a primeira escuta seja especializada, feita por um profissional com preparo e controle emocional, com acolhimento adequado, para que a criança ou o adolescente não tenha que contar várias vezes a mesma história. Tomar a termo o relato usando as palavras da vítima, fazendo apenas as perguntas necessárias”, explicou Raquel, lembrando que neste primeiro momento o importante é que a vítima seja protegida e retirada do local de violência.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2024 (com base no ano de 2023) apontam que 88,2% das vítimas de estupro são meninas (entre 10 e 14 anos) e 11,8% meninos (entre 3 e 13 anos). Pela experiência do delegado Pedro Paulo, no entanto, a subnotificação de casos em que as vítimas são meninos – por questões culturais como machismo e preconceito – equipara os gêneros: “desconfia-se que o número de casos seja quase meio a meio, entre meninos e meninas”, explicou.
O delegado informou que o número de operações de combate a crimes virtuais contra este público realizadas pela PF vem crescendo: de 328, em 2022; para 711, em 2023; e 1.037, no ano passado. “É um tema extremamente sensível. Há 15 anos, quando começamos este trabalho na Polícia Federal, o aliciamento era feito por bate-papo, o celular nem funcionava direito. Agora, um relatório da TIC Kids Online Brasil de 2024 mostra que 93% da população de 9 a 17 anos é usuária de internet no país”, concluiu.
A secretária municipal de Assistência Social, Martha Rocha, participou da abertura do evento e elogiou a atuação das equipes que atuam com crianças e adolescentes:
” Vocês são o olhar e a audição das crianças e dos adolescentes que são vitimados. Muitas vezes eles tentam falar com sua família e não conseguem, porque a palavra deles não é uma palavra que é entendida e garantida. O trabalho dos assistentes sociais, dos pedagogos e todos aqueles que estão no sistema de direitos é fundamental para efetivamente entender o que aconteceu, a fim de que o crime possa ser investigado e o autor possa ser processado”, declarou.
FOTOGRAFIAS: Drica Costa e Mariana Rocha / SMAS / Divulgação
